É conhecido o ditado “prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém”. Sem dúvida nos tempos em que vivemos, a prudência é sempre bem-vinda. Ela é tão importante que até a considerei uma Competência Emocional e a coloquei no ponto 6 no Eneagrama das Competências Emocionais.
Este Eneagrama mapeia 9 manifestações de um estado de consciência um pouco mais elevada, ou seja, quando não é o anseio do ego que está dirigindo o processo e o indivíduo começa a se questionar a respeito do que realmente quer. Neste estado desenvolvemos qualidades específicas do plano emocional e uma delas é a Prudência.
Conheço inúmeras pessoas que tem comportamento prudente, mas não estão nem perto da Competência Emocional. Quantas pessoas você conhece que “não dão o passo maior do que a perna” e que “não dão ponto sem nó”? Por vezes vivem uma vida rotineira e por conta disso conseguiram criar uma zona de conforto segura e estável.
Quem são os prudentes?
Na Gestão de Pessoas eles são os gestores controladores, criando relatórios e procedimentos que aparentemente objetivam a melhoria de desempenho e certa uniformidade nos processos, mas por trás das aparências se esconde um objetivo não tão nobre, o controle como meio de obter segurança. Talvez agora você tenha se sentido um pouco incomodado, principalmente se fizer parte do clã dos controladores.
Mas ser prudente é ruim?
Você deve estar se perguntando: qual é o problema em se querer segurança? Quem não quer? Eu quero! Claro que não há nada errado com querer segurança, mas o ponto aqui é outro, estamos falando aqui da dose. No anseio de segurança os controladores perdem o contato com o que realmente querem, iludindo-se com argumentos catastróficos, do tipo “e se todos quiserem fazer deste jeito, já pensou como seria?” Cuidado! Prudência em excesso vira medo e este é o domínio do ego.
Como saber se eu sou um gestor controlador?
O gestor controlador acredita que ouve as pessoas, mas no fundo ele está procurando um furo na argumentação e como se tornou especialista em questionar, duvidar e argumentar, facilmente usará suas habilidades para desconstruir o que lhe parecer uma ameaça.
Ele também acredita que se coloca no lugar do outro, mas de fato o que ele faz é ir para o lugar do outro levando consigo todo seu jeito de fazer as coisas e exigindo que o outro faça como ele. As pessoas que compõem a equipe do controlador se sentem incomodadas, como se tivesse uma coleira no pescoço, salvo aqueles que gostam de coleira, pelo menos agente sabe exatamente o que tem que ser feito aqui, dizem estes. São os que querem contribuir com iniciativa e se sentem engajados quando estimulados a criar que se ressentem mais com o gestor controlador.
Quando o Medo é a motivação a segurança é o fim, ou o objetivo. Quando a Prudência é a motivação, a segurança se torna o meio, a maneira com que o objetivo será alcançado. Pode parecer apenas um trocadilho de palavras, mas não é. A diferença real consiste na consciência do indivíduo. Segurança é sempre bem-vinda quando apoia nossos objetivos e sempre venenosa quando cria dúvida, insegurança e desistência. Lembra daquele ditado que diz “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”? A pergunta é: esse que está em suas mãos é o que você quer? Você não está com as mãos ocupadas com algo que não quer?
Pense nisso…
Até mais,
Márcio